quinta-feira, 5 de março de 2015

A relação entre investimentos e importações

Esse post procura entender a relação existente entre o investimento na economia (formação bruta de capital fixo) e as importações.

O gráfico abaixo mostra as duas séries (em volume, ou seja, desconsiderando o efeito dos preços) desde 1991 até o dado mais recente (terceiro trimestre de 2014). A correlação existente entre ambas é muito forte e suscita um debate interessante sobre as razões que podem explicar esse fenômeno.

Investimento (formação bruta de capital fixo) e importações - volume
 (Número-índice: 1ºT de 1991 = 100)

Algumas das possíveis hipóteses são:

1º) Manutenção de uma taxa de câmbio bastante valorizada entre 1994 e 1998 (política de âncora cambial do Plano Real) e tendência de valorização do câmbio entre 2003 a 2011, incentivando a compra de bens que elevem a capacidade produtiva.

2º) A baixa taxa de poupança doméstica do Brasil para fazer frente à necessidade de investimento. Diante disso, torna-se necessário utilizar as economias de recursos advindas de outros países.

3º) A falta de competitividade da economia brasileira, em razão do crescente aumento dos custos de produção, gerando produtos substitutos nacionais mais caros, ou simplesmente ausência de fabricação local de certos bens/componentes.

Uma consideração importante precisa ser feita a respeito do primeiro ponto. Se essa conjectura for verdadeira, por que então observa-se a manutenção dessa relação mesmo com o processo de desvalorização cambial iniciado no segundo semestre de 2011?

Entre as respostas possíveis, o terceiro ponto aqui levantado pode ganhar força. A taxa de câmbio, mantida em patamares sobrevalorizados por muito tempo, pode ter gerado um “vício” nos importadores, de tal sorte que o processo de substituição do produto importado pelo produto nacional, mesmo sendo posto em marcha, pode levar um período de tempo considerável para ocorrer (ou simplesmente não ser vantajoso economicamente). Dessa forma, mesmo com o aumento absoluto dos custos com o Real mais fraco, ainda assim vale a pena realizar compras de mercadorias no exterior com a finalidade de aumentar a capacidade produtiva.

Fonte: Investimento (IBGE) - Série 1620 do SIDRA.
Quantum de importação (FUNCEX) - Disponível no IPEADATA.

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