terça-feira, 17 de maio de 2016

Resultados das medidas de Macri no comércio exterior da Argentina



Desde o início do seu mandato, o Presidente da Argentina, Maurício Macri, pôs em marcha inúmeras medidas no campo econômico. Algumas produziram resultados em curto espaço de tempo, especialmente no comércio exterior. O objetivo desse texto é analisar de que forma esse setor reagiu às mudanças de política ao longo dos primeiros meses de 2016.


O governo anterior mantinha a cobrança de imposto de exportação sobre várias mercadorias de origem agropecuária, sob a alegação de evitar crises de desabastecimento. Entretanto, a boa teoria econômica prega que o setor externo da economia é fundamental, principalmente para superar crises no mercado interno. Macri, ao contrário de sua antecessora, determinou que as alíquotas incidentes sobre o trigo e o milho (de 23% e 20% respectivamente) fossem reduzidas para zero. No caso da soja, também houve queda: de 35% para 30%, beneficiando todo o complexo.


De acordo com as estatísticas do INDEC, os embarques de óleo e farelo de soja cresceram, respectivamente, 72,1% e 22,0% entre janeiro e março desse ano em comparação com o mesmo período de 2015. As vendas externas de milho avançaram 62,6%, enquanto as de trigo foram 68,6% maiores nessa base de comparação. Somente esses 4 produtos adicionaram US$ 1,5 bilhão ao país, valor que representa 11,5% de tudo o que a Argentina exportou no período até o levantamento mais recente.


A ex-presidente Cristina Kirchner também controlava a taxa de câmbio, mantendo-a em patamares mais baixos (sobrevalorizados) em relação às condições de mercado. O objetivo era ajudar no controle da inflação, dado que os bens importados ficam relativamente mais baratos na moeda local. Macri, por sua vez, optou por liberar a cotação, que agora flutua de acordo com a oferta e a demanda. Um dólar, que valia aproximadamente 9,5 pesos no início de novembro do ano passado, agora vale mais de 14 pesos, gerando aumento da rentabilidade das vendas no exterior. Para compensar a pressão sobre a inflação, o governo já diminuiu vários subsídios referentes aos serviços públicos, como transporte e energia.


Além disso, decretou-se o fim das Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação (DJAI’s). Esse instrumento era utilizado como poderosa barreira à entrada de produtos adquiridos no exterior pela Argentina, capaz de incidir sobre qualquer mercadoria. O governo decidiu substituí-lo pela Licença Não Automática (LNA), restrita a um conjunto menor e conhecido de mercadorias. O Brasil tende a ser beneficiado com essa medida, uma vez que a Argentina é o terceiro principal destino das nossas exportações. Convém lembrar também que muitas cadeias do processo produtivo dependem da aquisição de insumos no exterior, o que deve destravar alguns importantes setores do país vizinho. 


Em suma, as novidades no comércio exterior da Argentina são promissoras. Outros avanços dependem, basicamente, de acordos comerciais que facilitem o intercâmbio de bens e serviços. Talvez o mais promissor seja o do Mercosul com a União Europeia, que deverá sair do papel nos próximos meses.

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